O que é Planejamento Financeiro Pessoal e Familiar?
por: Denise Thiengo em 14/11/2022Planejamento Financeiro
Nós, planejadores financeiros, já ouvimos muitas respostas para essa pergunta. Quem nunca ouviu “É consultoria de investimentos”, ou “Eu nem preciso, sou super organizado e anoto tudo que gasto”? Também já ouvimos a versão de respostas rico x pobre que é “Sim, mas isso é só pra quem tem muito dinheiro”, ou “Sim, mas isso é só para endividados”.
Para todas essas respostas eu digo que pode ser um pouco disso, mas vai muito além também. Por isso, hoje eu apresento um artigo educativo, esclarecendo o que é o planejamento financeiro e para quem é.
O Planejamento Financeiro abrange todos os aspectos da vida financeira. Pode parecer redundante, mas é isso mesmo. Dessa forma podemos ajudar o cliente a conquistar seus objetivos, além de trabalhar na direção de conquistar uma aposentadoria financeiramente saudável. Para isso, o planejador atuará em várias frentes, tais como fluxo de caixa, otimização tributária, balanço patrimonial, investimentos, seguridade e planejamento sucessório.
Cada uma dessas áreas será mais (ou menos) explorada conforme a necessidade de cada cliente. Por exemplo, há famílias em que talvez o planejamento sucessório não seja o principal foco no momento, mas seja muito importante trabalhar o fluxo de caixa e estratégias para quitação de dívidas. Já outras pessoas podem ter a necessidade urgente de um planejamento securitário, visto os riscos expostos pelo estilo de vida. Enfim, são vários os cenários que existem e numa mesma família o cenário pode mudar de uma hora para outra, conforme os acontecimentos da vida. O Planejamento Financeiro deve estar alinhado ao momento de vida da pessoa e ser refeito periodicamente, ou adaptado aos novos momentos.
Nossa vida é fluída, os acontecimentos não param e estarmos planejados nos ajuda até mesmo nos momentos em que temos que rever os objetivos e as necessidades. Planejar a realização de um sonho passa pela possibilidade de ocorrer imprevistos. Para entendermos melhor essa ideia, trago aqui o conceito da Pirâmide de Maslow, que define de modo hierárquico as condições necessárias para que se atinja sonhos e objetivos e ainda para que se obtenha satisfação pessoal e profissional. Essa teoria foi criada pelo psicólogo norte-americano Abraham H. Maslow.
A Pirâmide de Maslow aplicada à vida financeira se apresenta com a seguinte estrutura: em sua base estão as receitas, ou seja, a geração de renda. É fundamental, para qualquer planejamento que saibamos o quanto de renda geramos no momento. Esse é o ponto de partida de qualquer projeto. Logo em seguida, no segundo andar da pirâmide, temos a gestão de riscos e esse é um ponto que muitos ignoram por acharem que os incidentes só acontecem com os outros, ou até mesmo por ignorarem a importância e o papel do planejamento securitário.
Para exemplificar a relevância da etapa de gestão de riscos, vamos imaginar a seguinte situação: e se por algum acidente ou por alguma doença, ficamos impossibilitados de gerar renda temporariamente ou até mesmo em definitivo? Se a geração de renda é fundamental para atingirmos nossos sonhos, você concorda que é preciso ter um plano B para esse caso? Esse plano B são os seguros, que impedem, até mesmo, que sejamos um peso para nossos familiares.
Subindo mais um degrau na pirâmide chegamos à etapa de acumulação, isto é, ao processo de juntar o valor necessário para que seja possível a realização dos objetivos. O próximo degrau é a manutenção do padrão de vida e, por último, chegamos ao topo da pirâmide onde está nossa independência financeira e os nossos sonhos sendo realizados!
O ideal é que todos nós subamos essa pirâmide degrau por degrau, e, cada um levará mais tempo em degraus diferentes, conforme suas necessidades. Quando pulamos um degrau corremos o risco de dar um passo em falso, cair e nos machucarmos gravemente.
Outro tópico importante que é analisado durante um processo de planejamento financeiro é a fase da vida em que o cliente se encontra. Além do perfil de investidor, o momento de vida da pessoa diz muito sobre como pode ser a distribuição de uma carteira de investimentos. Para uma pessoa que já está na fase de usufruir de seu patrimônio, efetuando resgates constantes para manter a qualidade de vida, não cabe expor o patrimônio a riscos. Diferente de um jovem em início de carreira que, caso haja alguma perda, possui tempo para reconstrução.
Assim, eu sigo afirmando que o planejamento financeiro é para todo mundo. Para quem já tem uma fonte de renda própria, já iniciou sua vida profissional, já é o momento de elaborar um planejamento financeiro. Quando executado desde o início da carreira, o planejamento tende a ter sucesso bem mais rápido e a alcançar objetivos ainda mais ambiciosos. Para quem está no final da carreira é fundamental elaborar um planejamento financeiro focado no uso do patrimônio acumulado ou ainda num planejamento para o INSS. Da mesma forma, insisto que o planejamento financeiro funciona para pessoas que possuem a renda garantida, como um servidor público e para um profissional autônomo. Ambos precisam elaborar estratégias para a realização dos seus projetos de vida.
E já que o objetivo do artigo é esclarecer, trago aqui outro exemplo de situação que demonstra a importância do planejamento financeiro. Trata-se do modelo 50/30/20. No livro All Your Worth: The Ultimate Lifetime Money Plan, a senadora norte-americana Elizabeth Warren, sugeriu o método para ajudar quem tem maiores dificuldades em gerenciar o orçamento pessoal e familiar. O método sugere que seja consumido, no máximo, 50% da receita familiar para os gastos fixos essenciais; 30% para os gastos acessórios, ou sociais; e 20% da receita deve ser poupado para a realização dos objetivos.
O modelo é ótimo e funciona muito bem com muitas pessoas. Porém, sabemos que em casos de rendas familiares inferiores, não é viável manter os gastos essenciais em apenas 50% da receita. Com isso, há algumas adaptações como a proporção 70/20/10, em que a ideia é a mesma do método anterior, porém adaptado a outras realidades. E há ainda as famílias que vivem com rendas para as quais não é viável ainda falar em poupar, mas sim em equilibrar o fluxo de caixa e, posteriormente, trabalhar as possibilidades de poupança da família.
Ressalto ainda que, para cada caso, é verificado a necessidade de poupança conforme os sonhos e desejos do cliente e quais técnicas podem ser aplicadas para facilitar essa acumulação. Nem sempre é possível ou necessário trabalhar com percentuais.
Um planejador financeiro conhece técnicas e ferramentas para trabalhar as diferenças de realidade existente entre os clientes. Mas uma coisa que gosto de reforçar: o planejador financeiro não faz milagre! Assim como não é suficiente ir ao nutricionista para emagrecer, é preciso pôr em prática a dieta recomendada, o mesmo acontece no planejamento financeiro. Não basta contratar o planejador e achar que tudo será resolvido numa consulta. É necessário colocar em prática no dia a dia todas as orientações dadas. Caso a prática gere dúvidas ou se perceba alguma impossibilidade frente ao plano traçado, é necessário levar essas informações ao planejador para que, juntos, o planejador e o cliente cheguem à melhor estratégia para que esta pessoa atinja seus objetivos!