Curva de Vitalidade Financeira®?
por: Carlos Castro, CFP® em 01/01/2019Planejamento Financeiro
De cada 100 brasileiros apenas 11 se preocupam em guardar dinheiro. Estes dados tirados do último relatório do Banco Mundial mostram também que dos 11 brasileiros que poupam, apenas 1 guarda o suficiente para ser independente financeiramente na aposentadoria. Além do esforço de poupança do brasileiro ser muito baixo, não investimos bem o que poupamos. Isto resulta em construção de pouco patrimônio, insuficiente para gerar renda que nos permita manter a independência financeira principalmente na aposentadoria.
Fatores macroeconômicos como a elevada inflação na década de 1980 nos jogou no consumo, única forma de garantir o poder de compra do dinheiro que era corroído mensalmente por uma inflação de 55%. Desenvolvemos uma cultura de curto prazo e de falta de planejamento financeiro pois era impossível fazer projetos de médio e longo prazo em um cenário de hiperinflação. E isto se reflete na forma como lidamos com nossas finanças pessoais hoje. Nossa renda vai para o consumo e quando investimos, nosso horizonte de tempo é de curto prazo. Baixa poupança, investimentos de curto prazo e incapacidade de fazer planejamento financeiro explicam a falta de conhecimento do brasileiro sobre a importância de construir patrimônio. E ainda transferimos para o Estado a responsabilidade por nos gerar uma renda que será cada vez menor, haja vista a inevitável reforma da previdência pública.
Segundo o IBGE, nossa expectativa de vida está em 76 anos. Estamos vivendo mais e com a preocupação da qualidade de vida desta longevidade. A insuficiente construção de patrimônio torna precário o padrão de vida na velhice.
Criamos a Curva de Vitalidade Financeira®? para despertar na sociedade brasileira o interesse em conhecer sobre os ativos financeiros e a formação patrimonial. A partir de reflexões sobre o padrão de vida que queremos ter para sermos independentes e quais projetos de vida gostaríamos de realizar, a Curva de Vitalidade Financeira®? medirá se a construção de patrimônio está adequada à realização dos objetivos financeiros.
Para construção de patrimônio é preciso saber sobre os ativos financeiros que o compõe. Ativos financeiros, por definição, são geradores de renda como investimentos, aluguel com imóveis, reserva em moeda forte como o dólar ou em commodity como o ouro. O empreendedor que investe em sua própria empresa, está criando ativo financeiro. Muitas vezes dedicamos a aumentar nossa renda com salário, por exemplo, porém acabamos revertendo-o na melhora de nosso padrão de vida e quase nada para a formação de patrimônio. Os ativos financeiros são o meio para se tornar independente com renda passiva.
No caso do assalariado, por melhor que sejam as condições de renda, esta renda é dependente e suscetível às intempéries do empregador. A história de pessoas bem sucedidas financeiramente está relacionada à capacidade de criação de 3 a 5 fontes de renda passiva. Assim se você perder uma fonte de renda, você poderá contar com outras fontes. A construção de patrimônio e a utilização de ativos financeiros para gerar múltiplas fontes de renda nos dá liberdade financeira.
Para criar ativos geradores de renda e ter um patrimônio perene no seu ciclo de vida financeira, recomendamos 6 práticas:
O fluxo de caixa é o saldo entre as receitas e despesas. Ele deverá ser avaliado em perspectiva futura para análise de tendência. Com tendência de fluxo de caixa positivo e crescente no tempo, mais dinheiro disponível você terá para comprar ativos geradores de renda.
2. Faça o planejamento tributário de seu imposto de renda
Por falta de planejamento tributário e fiscal, acabamos pagando mais impostos que o devido. Não temos como influenciar nos impostos que são cobrados no consumo e já vêm embutidos no preço dos produtos mas temos como ser mais eficientes com os impostos que são cobrados sobre a renda. Com um bom planejamento fiscal e tributário, evita-se pagamento excedente de imposto sobre a renda. Esta ineficiência permite aumento de fluxo de caixa no orçamento doméstico. Com este aumento de caixa por não ter de pagar o imposto além do devido, você tem mais capital para comprar ativos financeiros e formar patrimônio.
3. Invista bem o seu dinheiro
Para investir bem o seu dinheiro, o primeiro passo é definir seus objetivos quantificáveis em termos de valor e horizonte de tempo. É importante fazer uma reserva de emergência de 6 a 12 meses relativo ao seu custo mensal para cobrir imprevistos. A partir deste momento você deverá alocar seu capital de acordo com o horizonte de tempo de seus objetivos. Deverá diversificar sua carteira em classes de ativos e nível de liquidez que respeitem seu nível de tolerância a riscos. E por fim, deverá monitorar o desempenho de seus investimentos e fazer rebalanceamento sempre que necessário.
4. Proteja seu patrimônio
Assim como ainda estamos incipientes na cultura de se fazer planejamento financeiro devido à nossa visão de curto prazo, naturalmente não pensamos em proteger nossa formação patrimonial. Proteger o patrimônio de riscos requer uma cultura mais arraigada em planejamento já que a cobertura de riscos tem custos e muitas vezes nos questionamos sobre o valor considerado a fundo perdido. Isto sem considerar nossos modelos mentais e vieses comportamentais que nos levam a acreditar que fazer planejamento de riscos atrai o acidente de carro ou mesmo a morte. O fato é que o risco existe e caso aconteça pode acabar com o planejamento financeiro de décadas. Assim, para que se possa fazer um planejamento patrimonial e buscar criar fontes de renda diversas, é imperativo que estas fontes de renda estejam protegidas de riscos. Os seguros são os produtos contratados para mitigar riscos.
5. Planeje a desacumulação
O planejamento financeiro tem de fazer parte de todo o ciclo de nossa vida financeira. Mesmo que alcancemos nossa meta de acúmulo patrimonial, tão importante quanto planejar para acumular é planejar a desacumulação. Na fase de desacumulação, temos de assumir menos riscos em nossos investimentos, aumentar a liquidez de nossos ativos e planejar a sucessão. Os custos de sucessão sem planejamento podem ser elevados dificultando o acesso dos herdeiros ao patrimônio. Um bom planejamento sucessório poderá antecipar o direcionamento do patrimônio, reduzir custos sucessórios e deixar parte do patrimônio em ativos de liquidez que permite o acesso pelos herdeiros. Assim os herdeiros poderão usar parte do próprio patrimônio para pagar os custos de inventário. É importante planejar para construir ativos financeiros. Desacumular também requer planejamento. Um planejamento bem feito, permitirá deixar um legado para os herdeiros e também para a sociedade.
A Curva de Vitalidade Financeira®? é a régua de medida que afere os níveis de formação, manutenção e utilização do patrimônio. É o gatilho para o processo de planejamento financeiro contínuo: analisar, planejar, executar, monitorar. Com a Curva de Vitalidade Financeira®?, você terá controle sobre as decisões financeiras de sua vida e poderá ter sempre bem-estar financeiro.