Quando o aporte na previdência privada é um benefício no imposto de renda
por: Carlos Castro, CFP® em 10/12/2024Aposentadoria
Quando o final do ano se aproxima, muitas pessoas começam a considerar a possibilidade de realizar aportes em previdência privada, especialmente no modelo PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre), motivadas pelos benefícios fiscais que ele oferece. No entanto, é preciso entender que o benefício não é uma isenção de imposto, mas sim um diferimento fiscal. Esse conceito é importante para aproveitar as vantagens do PGBL de forma estratégica e evitar erros que podem comprometer a sua eficiência financeira.
O PGBL é um produto de previdência complementar que oferece a possibilidade de deduzir até 12% da renda bruta tributável na declaração de imposto de renda no modelo completo. Na prática, isso significa que os valores aportados no PGBL reduzem a base de cálculo do IR no ano em questão, permitindo um alívio imediato na tributação.
Por exemplo, imagine uma pessoa com uma renda anual de R$ 100.000, sujeita a uma alíquota média de imposto de 27,5%. Caso ela realize um aporte de R$ 12.000 em um PGBL, a base de cálculo para o imposto será reduzida para R$ 88.000. Com isso, ela terá uma economia imediata de R$ 3.300 (27,5% sobre os R$ 12.000).
No entanto, esse imposto não desaparece. Ele foi apenas diferido, ou seja, adiado para o momento do resgate ou recebimento dos benefícios da previdência. Isto porque, na fase de resgate, o imposto será aplicado sobre o valor total acumulado (aportes + rendimentos), e não apenas sobre os rendimentos como ocorre em outros tipos de investimento.
Para que o diferimento fiscal seja um benefício e não um problema no futuro, é essencial que a economia gerada com o imposto no presente seja reinvestida. Em outras palavras, os R$ 3.300 economizados no exemplo anterior devem ser aplicados em outro investimento que também gere rendimentos ao longo do tempo. Caso contrário, o efeito do diferimento se perde, e o investidor pode acabar pagando mais imposto no futuro sem aproveitar os benefícios da alocação adicional.
Além disso, o PGBL é mais vantajoso para quem segue algumas condições específicas:
- Declaração no modelo completo: o benefício fiscal só é válido para quem utiliza o modelo completo de declaração do imposto de renda.
- Contribuição ao INSS: para deduzir os aportes no PGBL, é necessário ser contribuinte da previdência social.
- Planejamento para o longo prazo: o PGBL é ideal para quem planeja acumular recursos para a aposentadoria, aproveitando o diferimento fiscal para acumular um montante maior ao longo dos anos.
- Escolha do regime tributário adequado: no momento do resgate, o investidor pode optar pelo regime de tributação progressiva ou regressiva. O regime regressivo, que começa com uma alíquota de 35% e pode chegar a 10% para aplicações com mais de 10 anos, é geralmente mais vantajoso para quem tem foco no longo prazo.
O PGBL oferece uma excelente oportunidade para diferir o imposto de renda e potencializar os investimentos, mas isso só funciona se a economia gerada com o diferimento for reinvestida. Adicionalmente, é fundamental escolher o regime tributário mais adequado e considerar o impacto da tributação no momento do resgate.
Na prática, o PGBL é uma ferramenta de planejamento financeiro, mas é necessário compreender suas regras e utilizá-lo estrategicamente. Se bem planejado, ele permite acumular um patrimônio ao longo do tempo, gerando mais tranquilidade financeira para o futuro.
Carlos Castro é planejador financeiro pessoal, CEO e sócio fundador da plataforma de saúde financeira SuperRico.